Ringo Starr

Ringo Starr 70 Anos

 
 


Não é qualquer homem que consegue desembarcar vivo, ativo e feliz nos 70 anos de idade. Afinal quem chega lá emplacou 70 primaveras. Setenta verões. Sete décadas de uma vida. O inglês Richard Starkey só viveu no anonimato pouco mais de uma década e meia de sua fulgurante existência. Depois foi só fama. Aos 21 anos era um rapaz conhecido no mundo inteiro. Duvido que exista hoje septuagenário mais famoso. Ringo comemora seus ‘setenta’ anos cercado por acordes, guitarras e amplificadores. E tocando bateria no Carneggie Hall (NYC). Amigos, familiares, fãs e a mídia norte-americana foram até lá paparicá-lo. E constataram que no show da décima primeira encarnação da ‘All-Starr Band’, ele é o astro. Claro que foi tudo filmado e gravado para futuro lançamento histórico. Mas não é isso que é verdadeiramente relevante. História mesmo é Ringo Starr! Com ele o ‘rock’n’roll’ empilha idade, mas não fica velho. Parece condenado a contemporaneidade eterna.

Ringo Starr é famoso mundialmente desde os vinte e poucos anos. Há muito tempo é celebridade verdadeira, antes mesmo de ser um cara. Antes até de ser Richard Starkey, como reza a vida real em sua carteira de identidade. Acordei cedo para trabalhar neste dia sete de julho e lembrei a ocasião em que ouvi Beatles pela primeira vez. Peguei a capa do ‘LP Please Please Me’ e fiquei divagando. Aquela foto do ‘Angus McBean’ me levava a confundir os Beatles e perguntar quem era quem, nos meus 16 anos. Quantos como eu, mais jovens ou mais velhos, fizeram a mesma coisa neste mundo? Os setenta anos de Ringo Starr são sim uma oportunidade imperdível de olhar para nossa própria vida. Nossos ídolos ainda são os mesmos porque a sensação para mim é de que esse tempo, se envelhece, não passa. Daqui a pouco Mick Jagger, Keith Richards, Eric Clapton, Bob Dylan e Paul McCartney também emplacarão 70 anos e é certeza que nós continuaremos a ouvi-los.

A história paralela e anônima dos fãs pelo mundo afora que amam o rock e reverenciam e cultuam esses caras todos também devia ser celebrada. Porque nossa vida segue atrelada de uma forma ou outra à existência desses ídolos que começamos a escutar lá nos 14 ou 15 anos. E eu estou falando da minha geração. Se me debruçar nas gerações do entorno vou me deparar com a gurizada que me telefona e me envia e-mails para falar de Beatles, entender certas coisas e tirar dúvidas com o mesmo fascínio e empolgação que eu descobri quando tinha a idade deles.

O que nos une e faz com que meninos de 18 anos curtam o som que eu curto com 47? O primeiro fator é que os Beatles e o ‘rock’n’roll’ jamais poderão ser observados pelo ângulo do modismo. Pegue um DVD com qualquer show da All-Starr Band e atente para os ângulos da platéia. É possível notar famílias inteiras lá, com seus filhos que ainda não são liberados pelos pais para ganhar as ruas sozinhos, empunhando cartazes (como no DVD da tour 2001) do tipo, ‘Ringo I Love You’. Num desses shows, no Teatro Rosemont, em Chicago, uma garota gordinha escreveu num cartaz que naquele dia completava 16 anos. O que ela estava fazendo lá? O fato foi registrado aos microfones. E a menina agraciada com um beijo. E Ringo Starr cantou ‘You’re Sixteen (You’re Beautiful and Your Mine)’ para ela. Sem a necessidade de maiores elucubrações, está claro que existe sim magia em torno desses caras.

Ringo Starr completa 70 anos e com ele um pedaço do rock’n’roll amadurece como no filme O Curioso Caso de Benjamin Button, fadado a jamais envelhecer.

CLAUDIO TERAN
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