Show do ex-Beatle durou quase duas horas (Foto: Roberto Filho/AgNews)
TERRA – Não é John, não é Paul, não é George. É o quarto Beatle, o desengonçado, o de voz estranha, o cara da sorte grande, que sempre contou com uma ajudinha dos seus amigos e que retribuiu com simpatia e autenticidade. Dessa forma, Ringo Starr conduziu sua carreira e o show da noite desta terça-feira no Citibank Hall, no Rio de Janeiro, o quarto da turnê brasileira.
Em uma hora e cinquenta minutos, obedecendo ao mesmo set list das outras apresentações, Ringo fez sacudir os cariocas com suas danças estranhas, seu humor contagiante e com sua banda talentosa, a All-Starr. Nada de super efeitos especiais, músicas surpreendentes e tentativas de imitar o passado. Ringo não promete nada do que não pode cumprir. Alternando vocal e bateria, entrega um show sincero, com um cenário simples e fundamentado no bom e velho rock and roll mesclado com baladas dançantes.
A surpresa mesmo fica por parte dos músicos da banda. Donos de hits semi esquecidos e inspirados no humor de Ringo, eles brincam e mostram que têm bagagem para estar em uma grande banda. Rick Derringer, ex-líder do The McCoys, puxa a turma. Entrega vocais arrojados e solos de guitarra virtuosos.
Richard Page, ex-Mr. Mister, emocionou com uma apresentação entusiasmada de Broken Wings. Lembrou Sting, do The Police. Ou será que o Sting lembra Richard Page?
Mais ao estilo de Ringo estava o tecladista da banda. Enorme, comparado aos demais integrantes, cabelos brancos longos, terno e calças brancas, Edgar Winter parecia um urso polar. Sua Free Ride é cheia de falsetes que remetem ao Bee Gees, tornando a coisa um tanto quanto esquisita, mas deveras dançante. A instrumental Frankenstein conduzida por ele também levantou a galera.
Por fim, Wally Palmar, ex-Romantics, também mostrou que dois de seus singles, Talking in Your Sleep e What I like About You figuram de alguma forma no inconsciente musical da plateia.
Mas a estrela da noite era ex de outra banda bem mais famosa. E nada, nem as piruetas de Ringo em Back Off Boogaloo, nem a excêntrico-nostálgica The Other Side of Liverpool fizeram a galera vibrar como em Yellow Submarine e With a Little Help From my Friends. Os cariocas não deixaram por menos e nas duas músicas homenagearam Ringo. Na primeira, balões amarelos decoraram a plateia. Na segunda, última do show, cartazes com o sinal de paz e amor foram exibidos.
Ringo estava entusiasmado. Ia de um lado para o outro no palco soltando sorrisos repetindo o lema dos anos 60/70. “Paz e amor para a galera do fundo. Paz e amor para a galera aí do meio. Paz e amor para vocês cinco aí no canto”, disse em inglês. Ele foi modesto, havia cerca 30 pessoas naquele canto. Afinal, mesmo com espaço suficiente para dançar a vontade, o Citibank Hall estava quase lotado para reverenciar o “estrela” da banda mais famosa do mundo.
Ringo ainda toca em Belo Horizonte, Brasília e Recife antes de fechar a turnê brasileira. Confira o set list do show:
It Don’t Come Easy
Honey Don’t (Carl Perkins)
Choose Love
Hang On Sloopy (The McCoys)
Free Ride
Talking in Your Sleep (The Romantics)
I Wanna Be Your Man (The Beatles)
Dream Weaver
Kyrie (Mr. Mister)
The Other Side Of Liverpool
Yellow Submarine (The Beatles)
Frankenstein
Back Off Boogaloo
What I Like About You (The Romantics)
Rock and Roll, Hoochie Koo (Rick Derringer)
Boys (The Beatles)
Love Is Alive
Broken Wings (Mr. Mister)
Photograph
Act Naturally
With a Little Help from My Friends (The Beatles)
Bis
Give Peace a Chance (John Lennon)
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