Há alguns meses o filósofo Olavo de Carvalho chocou a opinião pública ao soltar mais uma das suas pérolas: afirmou que os Beatles eram semi-analfabetos em música e não compunham as próprias canções: “Mal sabiam tocar violão. Quem compôs as canções foi o Theodor Adorno. E você sabe o efeito devastador da obra dos Beatles?”, disse ele, que ainda alegou que nas músicas “há satanismo explícito”. Todos nós sabemos que Carvalho sempre foi muito polêmico e que sempre teve milhões de seguidores (acreditem, são muitos e bem influentes!). No entanto, acreditamos que os Beatles, além dos maiores gênios da música moderna, também são janelas para a cultura e conhecimento universais, podemos ao menos aproveitar esse episódio para aprender um pouco mais sobre o homem citado fora de maneira tão descabida.
Theodor Adorno (1903-1969) foi um filósofo, sociólogo e crítico musical alemão, um destacado representante da chamada “Teoria Crítica da Sociedade” desenvolvida no Instituto de Pesquisas Sociais (Escola de Frankfurt).
Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno, conhecido como Theodor Adorno, nasceu em Frankfurt, Alemanha, no dia 11 de setembro de 1903.
Filho de Oscar Alexander Wiesengrund, de origem judaica, um bem sucedido negociante de vinhos e de Maria Calvelli-Adorno, uma cantora lírica, descendente de italianos católicos.
Theodor Adorno recebeu uma excelente formação, estudou música com a pianista Agathe, sua tia por parte de mãe, foi aluno do escritor Siegfried Kracauer, frequentou o Kaiser-Wilhelm-Gymnasium e teve aulas de composição com Bernhard Sekles.
Nas tardes do sábado lia Immanuel Kant com o escritor e sociólogo Siegfried Kracauer. Em 1923 conheceu seus dois principais parceiros intelectuais – Max Horkheimer e Walter Benjamin.
Em 1924 gradua-se em Filosofia pela Universidade de Frankfurt, com a tese sobre Edmund Hussert (filósofo que estabeleceu a escola de fenomenologia).
Em 1925 Theodor Adorno vai para Viena, na Áustria, onde mergulha na música com aulas de composição musical com Alban Berg e de piano com Eduard Steuermann.
De volta à Alemanha, se dedica ao Instituto de Pesquisas Sociais, e conclui o doutorado, em 1931, pela mesma universidade, Em 1933 apresenta o trabalho sobre o filósofo dinamarquês Kierkegaard.
Durante dois anos, lecionou Filosofia na Universidade de Frankfurt, mas a fim de escapar da perseguição do regime nazista, se viu obrigado a emigrar primeiro para Paris e depois para a Inglaterra, onde lecionou Filosofia na Universidade de Oxford.
Em 1937, Adorno foi para os Estados Unidos, onde colaborou decisivamente com o Instituto de Pesquisas que foi reconstituído na Universidade de Columbia.
Entre 1938 e 1941 exerceu o cargo de diretor musical do setor de pesquisas da Rádio Princeton. Foi vice-diretor do Projeto de Pesquisas sobre a Discriminação Social da Universidade da Califórnia, em Berkeley.
Escola de Frankfurt
Em 1950, Theodor Adorno estava novamente na Europa e em 1953 voltou a residir em Frankfurt e retomou sua classe de filosofia da Universidade de Frankfurt.
Assumiu o cargo de codiretor do “Instituto de Pesquisas Sociais”, então anexo a Universidade.Mais conhecido como “Escola de Frankfurt” o instituto constituiu o núcleo de uma linha de pensamento filosófico-político desenvolvido por Walter Benjamim, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Wilhelm Reich, Jüger Habermas e Theodor Adorno.
A “Teoria Crítica” proposta por esses pensadores se opõe à teoria tradicional e toma a própria sociedade como objeto e rejeita a ideia de produção cultural independente da ordem social em vigor.
Indústria Cultural
A “Indústria Cultural”, termo criado por Adorno, foi um dos temas principais de sua reflexão. O termo foi criado para designar a exploração sistemática e programada dos bens culturais com finalidade do lucro. Segundo ele, a indústria cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno.
A obra de arte, por exemplo, produzida e consumida segundo os critérios da sociedade capitalista se rebaixa ao nível de mercadoria e perde sua potencialidade de crítica e contestação. Sua amizade com Siegfried Krakeuer e com Walter Benjamin exerceu grande influência em sua obra. Com a colaboração de Max Horkheimer escreveu “Dialética do Esclarecimento” (1944).
Theodor Adorno faleceu em Visp, na Suíça, no dia 6 de agosto de 1969.
Entre outras obras destacam-se:
A Indústria Cultural – o Iluminismo como Mistificação das Massas (1947) Filosofia da Nova Música (1949)
Crítica Cultural e Sociedade (1949)
Tempo Livre (1969)
Teoria Estética (obra póstuma, 1970)
Informações: pescadas na eBiografias