Ringo Starr no Brasil 2011

Sete homens e um sucesso (por Edu Henning)

Por Edu Henning

Todos que conhecem um pouco da história dos Beatles sabem que Ringo Starr sempre foi um boa praça, um sujeito do bem, amigo dos amigos, super simpático e carinhoso. Todos que conhecem um pouco da história de Ringo sabe que ele, desde que formou a primeira All Starr Band, se preocupa em abrir espaço para que os músicos que o acompanham possam brilhar, cantar seus sucessos e assim receberem aplausos após momentos solos.

E a idéia é simples, genialmente simples. Ringo apresenta algumas canções de sua carreira solo e sucessos que cantou quando ainda era um Beatle e os músicos da All Starr Band , entre uma performance e outra do astro da noite, mostram dois de seus sucessos. Até hoje foram onze versões da All Starr Band e os shows seguem, mesmo com o passar dos anos, esse esquema. Um conceito criado pelo produtor David Fishof e abraçado por Ringo Starr.

Alguns músicos que formaram as anteriores (e também a atual) All Starr Band, apesar de serem consagrados, respeitados e com carreiras consolidadas, estavam quase que esquecidos por parte da grande mídia. Vários, inclusive, não saiam em excursão mundo afora há muitos anos. Mas, ao serem convidados para fazer parte da banda de Ringo, ganharam muito mais do que dinheiro. Ringo recolocou muitos deles no centro do palco e sob luzes e aplausos.

Mas quem acaba ganhando mais com isso é o público que sai de casa para ver e ouvir o ex-beatle e recebe de presente grandes nomes da musica pop mundial cantando alguns de seus grandes sucessos. Pelo menos isso aconteceu com as formações anteriores da All Starr Band, que já foi formada por nomes lendários.

Joe Walsh (Eagles), Dr. John, Billy Preston, Randy Bachman (Bachman-Tuner Overdrive), Mark Farner (Grand Funk Railroad), John Entwistle (The Who), Peter Franpton (Humble Pie e dono de uma carreira solo de sucesso mundial), Gary Brooker (Procol Harum), Jack Bruce (Creme), Simon Kirk (Bad Company), Roger Hodgson (Supertramp), Greg Lake (Emerson, Lake & Palmer e King Crimson), Sheila E. (percussionista impecável) e Colin Hay (Men At Work), entre outros. Isso sem falar das formações (92 e 95) com Zak Starkey na bateria. Já pensou ver, lado a lado, o ex-baterista dos Beatles tocando com o filho? Para muitos só isso, esse encontro de família, valeu cada centavo investido no caro ingresso.

Mas com atual formação da All Starr Band, que está rodando o Brasil com Ringo, essa química com o publico, no meu entender, não surtiu o mesmo efeito. E olha que todos são, sem exceção, excelentes músicos. Posso até arriscar em dizer que são extraordinários. Impressionam pela técnica e pela habilidade. Dominam seus instrumentos como poucos no mundo. Mas a platéia  – que educadamente aplaudia ao final de cada solo apresentado pelos músicos da banda – parecia desconhecer os sucessos de Wally Palmar (The Romantics), Rick Derringer (O McCoys), Richard Page (Mr.Mister), Garry Wright (Spooky Tooth) e Edgar Winter.

Platéia despreparada? Publico que caiu de pára-quedas no show de Ringo Starr? Pessoas que desconhecem os grandes sucessos individuais dos músicos da All Starr Band? Não, nada disso. É que alguns, apesar de toda a competência e respeito que realmente merecem, não conseguiram emplacar dois hits no Brasil. Garry Wright, por exemplo, tem uma música que fez sucesso no Brasil. Richard Page também. E são belas baladas românticas que até hoje tocam nas rádios FMs. Baladas que, inclusive, destoam completamente da linha musical que norteia a carreira de Ringo (tanto no período dos Beatles quanto em seus trabalhos posteriores). Mas não peça dois sucessos de Richard Page e Garry Wright para emoldurar o show de Ringo Starr pois, na realidade, eles não tem. Então, durante o show, a segunda canção apresentada pelos músicos é algo que a esmagadora parte da platéia desconhece completamente.

Durante o show o mesmo acontece com Edgar Winter e Wally Palmar. Esse quadro, friamente analisando, quebra o andamento do espetáculo. A platéia não canta junto, não explode em emoção, não vibra com os momentos solos dessa All Starr Band que está acompanhando Ringo em sua primeira passagem pelo Brasil. Diferente de quando, por exemplo, Ringo ficava em segundo plano para Peter Franpton cantar “Baby, I Love Your Way” e “Show Me The Way”. Ou quando todos cantavam “The Logical Song” com Roger Hodgson ou “Hey You” com Randy Bachman.

O que nós brasileiros estamos vendo, em termos de qualidade técnica , é um das mais consistentes formações da All Starr Band. Em compensação é uma das mais fracas em termos de sucesso individual. Ringo, ao insistir com o formado, ou seja, ao dar para cada musico da banda a chance de mostrar duas canções, nos permite uma conclusão: ele deveria cantar mais. Se existe um artista no planeta que tem o direito de cantar as musicas dos Beatles é justamente Ringo Starr.

A platéia iria se desmanchar ao ouvir Ringo cantando alguma coisa de Paul, John e George, por exemplo. O show poderia apresentar mais da carreira solo do Sr. Richard Starkey e menos musicas “conhecidas” de seus talentosos amigos de palco e estrada. Afinal aquele publico conhece tudo que envolve a vida e obra do ex-baterista dos Beatles. Cantaria junto qualquer musica de Ringo. Mesmo aquela que jamais fez sucesso.

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