Sim, a foto acima foi feita por mim. É o sir. Paul McCartney em ação durante o show em Porto Alegre em 2010. Durante dias, após aquele 7 de novembro, eu olhava as fotos e os vídeos incansavelmente para acreditar que eu estive lá. E todas as vezes que eu ouvia o Paul cantar alguma música do show, pensava: “poxa, eu vi. Ele cantou na minha frente”.
Só para vocês terem uma ideia de quanto impossível era, para mim, ver um beatle, quando comecei a gostar da banda eu não tinha dinheiro para comprar os CDs. Eu era uma pré-adolescente que vivia com muita dificuldade em Belém do Pará. Para ouvir os Beatles, em plena década de 90, eu recorria às fitas cassete. Gravava as músicas dos CDs dos pais das minhas amigas do colégio que nem sabiam quem eram os rapazes de Liverpool. Elas estavam mais interessadas nos Backstreet Boys, no Hanson e (que horror!) em bandas como É o Tchan. Eu buscava algo que não era do meu tempo. Sofri um pouco por isso, mas não desisti dos Beatles.
A vida melhorou um pouco, me formei, consegui comprar todos os CDs. Saí de Belém´, depois te ter sido reconhecida profissionalmente e busquei novos caminhos em Brasília. Finalmente, estava conseguindo juntar uma grana. Era pra viagem pra Londres, pra conhecer Liverpool. Ou era para comprar um carro, sei lá. Não fazia tantos planos.
Nesse período, muitas coisas aconteceram e eu fiquei tão deprimida que adoeci. Precisei ficar internada durante 9 dias para me recuperar. No meu 5º dia de hospital, veio a confirmação: Paul iria tocar no Brasil. Antes, durante aquele enxurrada de notícias sobre a vinda dele, comprei logo as passagens para o show em São Paulo. Mas não consegui o ingresso que eu queria. Só consegui o ingresso prime em Porto Alegre.
Pois bem. Seis meses depois, vi o Paul novamente no Rio de Janeiro ao lado do meu namorado Marcus, que também é beatlemaníaco. Nos conhecemos às vésperas do show em Porto Alegre. Foi especial perceber que os Beatles estavam comigo nos momentos mais importantes da minha vida. Estavam comigo até na hora que encontrei o meu grande amor.
Agora, olho no calendário e vejo que falta apenas mais uma semana para eu ver o Ringo. Sim, o baterista. Sim, aquele menino engraçado que estava sendo perseguido por uma seita em “Help!”. Sim, o menino que escapou da morte algumas vezes.
Tem gente falando que um ou outro vai criticar show dele, que o Ringo foi xingado pelo Jô Soares. Para mim, nada disso interessa. Quando olho para trás e lembro das coisas que aprendi com os Beatles, penso: “que diferença vai fazer?”.
A principal lição que eu tirei dos Beatles e levei para a minha vida, foi pegar as tralhas e correr atrás do que eu queria para crescer, sair da estaca zero. Por isso hoje estou aqui falando para vocês que eu vi o Paul e verei o Ringo. Aqueles quatro meninos colocaram a mochila nas costas e não hesitaram quando foram desafiados, não hesitaram quando precisaram tocar para 70 mil pessoas mesmo sem qualidade de som, não hesitaram em fazer um álbum como o Sgt. Pepper.
O melhor: descobri que o John Lennon não tinha razão com esse negócio de “sonho acabou”. Depois que eu vi Paul e agora verei o Ringo, acredito cada vez mais em uma coisa. Sonhos realizados não caem do céu. Precisamos lutar por eles.
Aletheia Vieira
www.ideiaspublicaveis.blogspot.com
Comente