Paul McCartney

Stella McCartney fala sobre coleção no Brasil

 
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Fonte: Bol
VIVIAN WHITEMAN

Stella Nina McCartney nasceu nas asas de um anjo. Pelo menos foi essa a oração feita por seu pai pouco antes do parto, uma cesariana de emergência. A prece foi ouvida, talvez porque até as criaturas celestiais tivessem gosto especial em conceder graças a Paul McCartney.

O ano era 1971 e os fãs ainda choravam a separação oficial dos Beatles. Paul, no entanto, se preparava para sair em turnê com sua nova banda, os Wings. O grupo ganhou esse nome graças às “asas” da providência que deram uma mãozinha ao médico para trazer Stella ao mundo. Prestes a completar 40 anos, Stella há muito tempo deixou de ser apenas a filha do ex-beatle. Há mais de duas décadas na moda, se transformou numa das estilistas mais importantes do mundo.

Dona da grife que leva seu nome, ela também cria linhas em parcerias com diversas marcas, entre elas a C&A –uma coleção assinada por Stella chega às lojas brasileiras neste mês. Trata-se de um marco importante na ponte Brasil-Europa, que promete movimentar o mercado do “fast-fashion” nacional. Stella diz que a linha que desenhou para a C&A é contemporânea e naturalmente sensual, como todas as suas criações, mas com algum tempero local. “Peguei hits das minhas coleções recentes e adaptei as formas para as curvas das brasileiras. Usei algodão orgânico e material reciclado em algumas peças”, conta a designer com exclusividade para Serafina.

O uso de materiais sustentáveis na linha da C&A não é uma novidade de ocasião. Como seu pai e sua mãe, a ativista ambiental e fotógrafa Linda McCartney, Stella é porta-voz dos direitos dos animais e não usa pele nem couro em suas coleções. “Cresci com a minha família numa fazenda orgânica, entre os bichos. Uma das lições mais brilhantes que meus pais me ensinaram foi a de que o mundo não foi feito só para os humanos e suas vontades.” Paul McCartney é um antigo simpatizante das causas ambientais e lançou, em 2009, a “Segunda sem Carne”, uma campanha mundial para incentivar as pessoas a tirar os bichos do cardápio ao menos uma vez por semana.

Hippie chique
Mas a história “verde” da família começou nos anos 1960, quando Linda transformou o marido e os filhos em vegetarianos. Até a sua morte, em 1998 (por conta de um câncer de mama), ela lutou contra a indústria das peles e a matança de animais, o que teve grande influência sobre Stella. “Minha mãe foi destemida, maravilhosa. A maneira corajosa como ela se colocava diante da vida é uma inspiração”, conta, orgulhosa. Até nas questões de estilo, Linda é um ícone para a filha designer. Em seu casamento com o publisher Alasdhair Willis, em 2003, Stella, com a ajuda do estilista Tom Ford (à época, chefe dela na Gucci), recriou o vestido usado pela mãe em suas famosas bodas com o então beatle Paul. “Ela possuía um tipo muito natural e real de feminilidade, e acho que essa é a maneira mais moderna possível de ser uma mulher”, filosofa.

Com o chefe Tom Ford, desenhou o vestido de casamento de Madonna, uma de suas grandes amigas, e Guy Ritchie. Está no páreo, com a brasileira Daniella Helayel, para assinar o look do casamento real de Kate Middleton com o príncipe William. Outras clientes famosas, e amigas, são as atrizes Gwyneth Paltrow e Kate Hudson e a modelo Kate Moss, que desfilou a primeira coleção de Stella, quando ela se formou na hypada Central Saint Martin´s College for Art and Design, em Londres. O casting, nada comum para um formando, incluía ainda Naomi Campbell e Yasmin Le Bon.

O burburinho em torno da moça logo rendeu frutos. Stella trabalhou com Christian Lacroix, com Tom Ford na Gucci e depois foi escolhida para substituir Karl Lagerfeld quando ele saiu da Chloé. Apesar das desconfianças e comentários maldosos, ela recebeu boas críticas e, anos depois, partiu para “carreira solo”, criando sua própria grife. Idolatrada pelas fashionistas modernetes, a moça tirou de sua infância na estrada inspiração para acrescentar uma pegada rocker às suas roupas. “Tive a sorte de me desenvolver na estrada, viajando de cidade em cidade com a banda e vendo meu pai e minha mãe tocando para milhares de pessoas. Isso me marcou muito.”

Na última década, engatou parcerias com grifes como Adidas e Le Sportsac e também desenhou para a gigante do “fast-fashion” H&M. Agora, com sua nova linha para a C&A, tem objetivos mais altos. Para a filha de um casal revolucionário, a roupa não é apenas roupa. “Acredito que, quando um designer de alta moda se junta a uma empresa que oferece roupas baratas, está ajudando a quebrar as barreiras de classe. As pessoas passam a poder se expressar em suas roupas, tendo muito ou pouco dinheiro. Isso é uma grande coisa”, diz Stella.

Brazilian way
Apesar de não ter criado peças exclusivamente pensando no Brasil, ela tem sua própria visão sobre o que as brasileiras “expressam” em seu modo de vestir. “Se fosse para generalizar, eu diria que existe uma alegria de viver no modo como o Brasil cria sua moda.” Mãe de quatro filhos, duas meninas e dois meninos, Stella planta seus orgânicos, monta cavalos e cria ovelhas de estimação em sua propriedade rural em Worcestershire. Mas essa figura de mulher doce tem seu outro lado.

Protetora, não gosta de falar nem de mostrar os filhos em público e faz pacto de silêncio quando o assunto é a segunda mulher do pai, a ex-modelo Heather Mills. Os dois se casaram sob seus protestos e desaprovação total. Quando o casamento acabou, em 2006, a ex-modelo soltou os cachorros em cima da estilista durante a longa batalha judicial para arrancar de sir Paul um acordo milionário. Mills, que perdeu uma perna num acidente, chegou a dizer que a tragédia havia sido menos traumática do que seu divórcio. Em suas entrevistas, a ex-modelo faz questão de dizer que Stella foi o pivô da separação, descrevendo-a como “ardilosa e muito ciumenta”. Mas ela nem dá bola.

Animal ferido
Sobre outros assuntos cabeludos Stella não tem medo de levantar a voz. Quando a amiga Madonna apareceu com um casaco de pele verdadeira, a designer foi a primeira a criticá-la abertamente.

O mesmo vale para seus colegas estilistas. “Matar mais de 50 milhões de animais por ano só para alimentar a indústria fashion é uma crueldade enorme. Não sei se as pessoas se dão conta do quão alto é esse número”, dispara. “Odeio essa falta de moral na moda. Não me acho melhor que os outros, mas não comprometo minha ética por causa de uma bolsa ou de um par de sapatos”, diz. Na temporada de desfiles de inverno que rola agora na Europa, há muita pele “fake”. Stella foi uma das pioneiras da pesquisa avançada desse material e jura ter encontrado substitutos chiquérrimos e “de alta qualidade, para substituir perfeitamente a pele natural”. Grande parte das casas de luxo, no entanto, não abrem mão de usar animais.

E é aí que a paciência de Stella acaba se esgotando. Segundo ela, a força de sua ética é mais do que meramente amor pelos bichos, mas uma convicção que resume o espírito de seus pais, de sua criação e do legado deixado por sua mãe. É uma questão pessoal. “Se eu fosse boazinha, diria que talvez os estilistas não saibam como é desumana a realidade da produção de peles, de como os animais são mortos de forma não ética. Mas, sendo realista, acho que eles sabem sim. Por isso fico tão decepcionada com essa falta de compaixão.”

O que Paul tem a dizer sobre a militância da filha? Sempre que é abordado por repórteres depois dos desfiles da moça, ele solta o seguinte bordão (título de uma das canções do disco dos Wings “At the Speed of Sound”, de 1976): “She’s my baby!”

 
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