Ele entrou para a história como membro original dos Beatles e seu talento como pintor ganha destaque em novo livro
por Adailton Lacerda
Há exatos 50 anos, os Beatles perdiam definitivamente um de seus membros originais: Stuart Sutcliffe.
Para marcar a data e homenagear o quinto beatle, chega ao mercado o livro “In Conversation with Stuart Sutcliffe – His Life, Work And Relevance”, editado por Giles Cooper, Michael Hall, Pauline Sutcliffe e Diane Vitale. Inicialmente, a venda é exclusiva para membros do fã-clube oficial www.StuartSutcliffeFanClub.com a partir deste 10 de abril. Após duas semanas, o produto estará disponível nas lojas virtuais Amazon e HMV.
O livro celebra a vida e obra de Stuart como artista promissor e membro influente da maior banda de todos os tempos. Diversos artistas da atualidade discutem o talento de Sutcliffe como pintor e sua importância na história.
A irmã do artista, Pauline Sutcliffe, que assina o texto de abertura do livro, ressaltou em entrevista o trabalho da equipe em reunir todo o material e avalia que o resultado é “magnífico, original e um grande tributo ao garoto, homem, artista e beatle”.
Algumas pinturas inéditas de Stuart e fotos raras aparecem no livro. Palavras do próprio artista ajudam a traçar o seu perfil. Em um trecho previamente divulgado, Stu disse certa vez: “Nós, jovens artistas, somos como jovens marinheiros. Se não nos depararmos com marés agitadas e não formos esbofeteados pelos ventos, não nos tornaremos marinheiros de verdade. Não há misericórdia para nós. Todo mundo tem que passar por um período de preocupação e luta se quiser entrar nas águas profundas. Primeiro pescamos poucos peixes ou nenhum, mas aprendemos a orientar nossos barcos e, depois de um tempo, teremos maravilhosas pescarias”.
Além do livro, uma nova exposição da obra de Sutcliffe, também intitulada “In Conversation with…” percorrerá Hamburgo, Liverpool, Londres e Nova York entre abril e setembro de 2012.
Stuart Fergusson Victor Sutcliffe nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 23 de junho de 1940. Na adolescência ingressou no Liverpool Art College onde conheceu John Lennon. Stu, como era conhecido, tinha um talento incomum para pintura que surpreendia até seus professores mais experientes.
Ao vender um de seus quadros por 50 libras, Stu foi convencido por Lennon a comprar um contrabaixo e se juntar à sua banda. Os dois eram melhores amigos e desembarcaram em Hamburgo, na Alemanha, aos 19 anos para intermináveis noites de rock and roll em casas noturnas ao lado de Paul McCartney, George Harrison e Pete Best.
Stuart foi decisivo na escolha para o nome do grupo. Enquanto John secretamente pensava em trocadilhos, o amigo pintor lembrou que a gangue de Marlon Brando no filme Wild Ones se chamava beetles. Perfeito para Lennon pôr em prática sua habilidade com jogo de palavras e criar o termo “BeAtles”.
A música não era exatamente a vocação de Stuart que, frequentemente, se apresentava de costas para o público de modo que ninguém percebesse sua falta de habilidade com o instrumento. Mas ele era o amigo do líder da banda e tinha que estar lá. “Eu precisei de Stu”, comentou John certa vez.
Entre os amigos germânicos que os Beatles fizeram, estava uma jovem fotógrafa chamada Astrid Kirchherr. Ela e Stu se apaixonaram. O rapaz talentoso resolveu deixar a banda, retornar à pintura e fixar residência em Hamburgo para casar com Astrid.
Antes de abandonar o posto de baixista dos Beatles, Stuart esteve com o grupo em uma turnê pela Escócia, sua terra natal. Ele e John se envolveram em uma briga com frequentadores do clube onde tocavam na ocasião que teriam criticado Stu. Na confusão, o jovem artista foi empurrado e bateu a cabeça violentamente contra uma parede passando a sofrer terríveis dores de cabeça nos meses seguintes.
Stuart Sutcliffe morreu de hemorragia cerebral em Hamburgo no dia 10 de abril de 1962, aos 21 anos de idade. Os Beatles, que ainda não eram famosos, voltaram à Alemanha no dia seguinte para uma série de apresentações e receberam a notícia através de Astrid. John, especialmente, descontaria no palco sua fúria pela perda do amigo.
Mais tarde, Lennon sintetizaria a importância de Stu se referindo a ele como seu “alter ego” e “uma força guia” e afirmou que “ele era realmente o nosso líder e era muito interessado em James Dean. Ele o idolatrava. Stuart morreu antes de fazermos sucesso e acho que podemos dizer que sem James Dean os Beatles nunca teriam existido”. Yoko Ono disse certa vez: “Sinto que conheci Stuart porque dificilmente havia um dia em que John não falasse dele”.
Em 1994, o filme Backbeat (no Brasil, Os Cinco Rapazes de Liverpool) retratou a fase dos Beatles em Hamburgo tendo Stuart Sutcliffe (interpretado por Stephen Dorff) como tema central do drama.
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