Pete Best no Brasil 2011

Um dia de beatle para Pete Best

Mohamad Hosn Filho
Fotos: Cris Patricio
Sempre foi difícil para mim escrever sobre os Beatles, porque a ligação que tenho com esses caras que revolucionaram o mundo ocidental há 50 anos faz com que invariavelmente eu acredite (ou perceba) que meus textos não estão à altura do tema. Mas quando recebi o convite de rabiscar essas linhas, me senti moralmente forçado a aceitar, e por um motivo: falaria sobre Pete Best e Edu Henning.

Pete Best todo mundo sabe quem é. O músico mais azarado da história da humanidade, o homem que foi expulso dos Beatles às vésperas do sucesso e que teve de se contentar com uma vida de simples funcionário público em Liverpool enquanto seus ex-companheiros se transformavam em lenda.

Mas Edu Henning nem todo mundo conhece, o que é lamentável no mundo dos beatlemaníacos. Edu é um cara único, prova disso é que quando se dizia, no Espírito Santo, que as pessoas nasciam lá para se mudar para o Rio de Janeiro, ele tomou o caminho inverso. Deixou a cidade Maravilhosa para fincar raízes em Vitória.

E foi da pouco falada capital capixaba que iniciou um dos movimentos mais importantes ligados aos Beatles no Brasil. Levou ao ar um programa de rádio que se tornou referência nacional, e então decidiu reunir alguns amigos para montar uma banda cover dos Beatles. Passados mais de 20 anos, essa banda, conhecida como Clube Big Beatles, acumula 16 anos consecutivos de participação no International Beatle Week, e foi agraciada como o único grupo da América Latina a fazer parte do Hall da Fama de Liverpool.

Tá bom ou quer mais? Edu sempre quer mais! Em Liverpool, o Clube Big Beatles sempre se encontrou com pessoas ligadas à história de John, Paul, George e Ringo, e sou prova disto, já que os acompanhei em três ocasiões no festival e neste momento me preparo para ir pela quarta vez.

E Edu então pensou: “Quero levar esses caras até Vitória”. Primeiro, foi Tony Sheridan, no começo do ano passado, e agora, o voo mais alto: Pete Best, o cara que estava lá quando tudo começou. Edu colocou seu inegável talento como produtor em prática, e me convidou para assistir ao resultado. Convite que aceitei sem pensar duas vezes.

Já conhecia Pete pessoalmente. Tinha me encontrado com ele em algumas ocasiões em Liverpool, a última delas em agosto do ano passado, quando o Clube Big Beatles se apresentou no lendário Casbah. Mas nunca tinha convivido com ele. As outras vezes em que o vi frente a frente apenas trocamos algumas palavras e nos cumprimentamos.

Em Vitória, acompanhei Pete por dois dias. Ele hoje parece ser um cara bem resolvido, parece conviver bem com a armadilha que o destino preparou para ele quando não passava de um jovem baterista que sonhava com o mainstream. Mas acredito que não estava preparado para o que lhe esperava por aqui.

Talvez pela primeira vez em seus 70 anos, esse baterista mais azarado da história da humanidade tenha sentido o gostinho da beatlemania. Foi tratado todo o tempo como ídolo, distribuiu autógrafos, tocou para uma multidão que estava ali só para vê-lo.

Quando Edu decidiu levar Pete a Vitória, quis prestar uma homenagem aos capixabas, que por mais de 20 anos estão ao lado do Clube Big Beatles. Mal sabia ele que na verdade estava homenageando o próprio Pete, dando a ele a oportunidade de ter, e principalmente de ser, algo que lhe escapou das mãos por tão pouco há tantos anos.

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