Paul no Brasil 2011

A noite em que todos fomos McCartney

 
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Fernando Molica

Rio – Boa parte dos jovens que foram ao Engenhão ver Paul McCartney sequer era nascida em 1990, ano em que ele cantou no Maracanã. Quando os Beatles se separaram, eu tinha 9 anos. Em tese, eles seriam referência para a geração anterior à minha, pessoas que, quando eu era bebê, estavam na juventude. Mas eles ultrapassaram esta e outras barreiras etárias e não param de conquistar admirado-res. De certa forma, Paul, John, George e Ringo continuaram juntos — a separação foi um problema deles; a permanência do grupo e de suas canções foi assegurada por todos nós. Dois dos ex-beatles morreram? Só pra você, fã ingrato.

Chega a ser assustador ver McCartney ali no palco. É como ir ao Municipal assistir a um recital de Mozart, em pessoa. Não é sempre que podemos ficar a dezenas de metros de um clássico, uma referência mundial, alguém que, daqui a dois séculos, continuará a ser ouvido. Paul tinha uns 20 e poucos anos quando eu era menino; cresci, fiquei mais velho, mas ele continua jovem. De alguma forma, o sujeito nos mostra que é possível continuarmos jovens, apesar de nossas idades. Suas canções — e as de Lennon e de Harrison — parecem que acabaram de ser compostas, continuam a nos animar, a nos emocionar. Ao fim de ‘The Long and Widing Road’, um jovem que eu não conhecia virou-se para mim e se disse tocado por aquela triste história de amor. Concordei, também fiquei emocionado.

O assassinato de Lennon encerrou de forma trágica o Fla x Flu que dividia os fãs; uns ficavam com ele, outros com Paul. No Engenhão, todos éramos McCartney, garotos que, como eu, já tentaram aprender violão para lutar contra a timidez e, assim, chegar mais perto de alguma menina. Todos estávamos no palco, pulávamos meio sem jeito, falávamos obviedades, cantávamos as canções que são de todos nós. Será que Paul tem ideia do número de casais que suas músicas ajudaram a formar? Dos milhões de pessoas que se beijaram graças a um empurrãozinho de ‘And I Love Her’, ‘Yesterday’ ou ‘My Love’? Enfim, velho amigo Paul. Obrigado pelas canções, pela alegria quase inacreditável de me ver de novo na plateia — caramba, é mesmo o Paul McCartney! —, pelo prazer de viver aquela noite inesquecível. Obrigado, principalmente, porque saí do Engenhão mais jovem do que entrei, com os dedos machucados pelas cordas da guitarra imaginária que tanto toquei durante o show. Ah, volte sempre, não dá pra esperar por mais 21 anos.

Fernando Molica é jornalista e escritor

 
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