Paul no Brasil 2010

Eu e Paul no Parque do Povo (Maria Rita Barbi)

 
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Alguns dias na vida são mágicos. A sorte acompanha nossas escolhas e temos a nítida sensação que estamos no lugar certo, na hora certa.

Yesterday, 20 de novembro de 2010, foi um desses dias. Eu poderia ter ido para Santos, mas fiquei em São Paulo. Poderia ter acordado tarde, mas madruguei. Poderia ter lido um livro, mas escolhi andar de bicicleta. E foi assim que pedalei com Paul McCartney.

Era pouco mais de 11h00 da manhã quando cheguei ao portão principal do Parque do Povo, quintal de casa durante os finais de semana. Embaixo da marquise da entrada, onde fazia sombra, vi uma figura conhecida, parada em cima de uma bicicleta.

“Aquele ali parece o Paul McCartney”, balbuciei, em voz alta, enquanto apontava para o homem e tentava ponderar o imponderável. “Paul. Show em São Paulo. Estádio do Morumbi. Esse fim de sema…”

“Stop! Stop!”, ouvi vozes que me mandaram parar.

Nem precisei seguir a lógica para confirmar o milagre. Em segundos, fui abordada por seguranças, que agitaram os braços e gritaram para que eu permanecesse parada no lugar.

“Stop!” “Don’t get closer!”, bradaram dois homens vestidos com roupas de ginástica, dignos agentes camuflados de esportistas.

Sem óculos escuros, nem boné. Vestindo camiseta branca, shorts na cor preta e tênis, lá estava ele, em carne e osso. Sir Paul McCartney.

Fiquei surpresa. A última coisa que eu esperava no mundo era encontrar com Paul. E logo no meu singelo e pacato quintal! Dezenas de amigos meus teriam dado suas fortunas (ou negociado seus cônjuges) para ter uma chance como essa. E eu, nem tão fanática, havia tirado a sorte grande.

“Leave him alone”, ordenou um dos seguranças, para que eu deixasse Paul em paz.

E o outro completou:

“Please, don’t tell anyone it’s him”, pedindo com uma gentileza espartana para que eu não espalhasse a notícia que o ex-Beatle se encontrava no parque.

Eu concordei com os pedidos, uma vez que todos os seguranças eram altos, fortes e faziam o estilo 007 “Live and Let Die”. E, claro, porque primo por minha privacidade e imagino os percalços que os ídolos vivenciam por causa da fama.

Então, fiz o que uma pessoa madura e avessa à tietagem faria na presença de um ex-Beatle: passei a segui-lo pelo parque, fingindo naturalidade. E fui a única a fazê-lo.

No início do passeio de bicicleta, Paul tomou a liderança. Sua esguia namorada, Nancy Shavell, seguiu logo atrás. Ela vestia calça de ginástica preta e um suéter pink, de manga longa. Para completar, usava chapéu aviador cáqui e aparentava estar maquiada. Nancy parecia animada e estava bem falante.

“This is a really great bike”, ela disse, elogiando a bicicleta que conduzia.

Depois, a morena desceu da bike e brevemente se pendurou em um dos galhos mais baixos de uma grande árvore, próxima da entrada principal. O tipo de brincadeira que alguém como eu faria…

Paul e Nancy continuaram a pedalar devagar, em ritmo de passeio. Exploraram todas as trilhas do parque e até pararam para tirar fotos, em um canteiro coberto por pequenas flores amarelas.

Bem disposto e em forma, o ex-Beatle não deu bola para uma tímida partida de futebol que acontecia em um dos gramados. Nem ligou para a final do campeonato brasileiro de bumerangue, no canteiro central. Com um olhar mais intimista e contemplador, sua atenção ficou voltada para as belezas do parque.

Um dos homens mais famosos do planeta quase se passou por um cidadão comum.

Muitos não o reconheceram. Os poucos que o fizeram, mantiveram um ar blasé, como se encontrar com Paul McCartney fosse algo corriqueiro e comum. Somente uma mulher demonstrou certa emoção, a ponto de ficar levemente acinzentada com o encontro inesperado.

Durante os quarenta minutos em que acompanhei o casal, pedalando bem de perto ou às vezes meio de longe, pensei em várias coisas para dizer a Paul:

– que muitas vezes sou chamada de Lovely Rita, em sua homenagem;

– que a primeira música que aprendi a cantar em inglês foi Can’t Buy me Love;

– que adorei a última coleção de sapatos da Stella McCartney, cujos saltos dificilmente devem quebrar.

Mas não consegui. Nem eu, nem ninguém. A equipe 007 que acompanhava o ídolo não permitiu contato algum. Nem para uma fotografia.

Quando Paul e Nancy deixaram o parque, por uma saída lateral secundária, deu até vontade de gritar “Get Back!”. Mas certamente o ex-Beatle não voltaria para um bis.

De qualquer maneira, mesmo sem trocar qualquer palavra, pedalar ao lado de uma lenda pop foi uma experiência mágica. Daqui em diante, o Parque do Povo será o Parque do Paul. Let it be!

Maria Rita Barbi é fã dos Beatles, acredita que nada é impossível e escreveu esse texto ouvindo o hit “Hello, Goodbye”.

 
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