John Lennon

John Lennon – Imagine (1971)

Na belíssima “casa branca” de John Lennon e Yoko Ono, em Ascot, na Inglaterra, no verão de 1971, foi gravado um dos álbuns mais fantásticos da história da música: IMAGINE, álbum que mostra toda a genialidade de Lennon. John e Yoko não imaginavam que uma coisa tão “fundo de quintal” (como a própria Yoko denomina), se tornaria uma das obras-primas mais conceituadas e reverenciadas de todos os tempos. Eles chamaram alguns amigos, tomaram café da manhã. Ali começava a gravação do álbum mais fantástico que se tem notícia. Com a participação de seu ex-companheiro de banda, George Harrison, o álbum mostra um Lennon pacifista, amoroso, político, e, sem dúvida nenhuma, com muito talento para mostrar e deliciar nossos ouvidos. Contando com a produção do então inseparável Phil Spector (que também produziu o álbum Let it Be, último dos Fab Four), Yoko Ono e John Lennon, Imagine foi o maior sucesso do ex-beatle, sendo muito aceito pela crítica e pelo público, transformando sua faixa-título em hino mundial pela paz. Suas Palavras de amor se transformaram em versos marcantes: “Imagine todo mundo vivendo em paz. Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único. Espero que um dia se junte a nós e o mundo será um só”

Já no encarte, que veio originalmente com letras e fotos, contém uma imagem de Lennon com uma “indireta” a Paul: John segurando as orelhas de um porco, em uma história que já entrou para a enciclopédia de lendas do rock e merece um artigo só sobre isso. O álbum, ou “a obra-prima”, como preferirem, contou com músicos como o já citado George Harrison; o baixista Klaus Voorman, o mesmo que desenhou a capa do Revolver e líder da banda Manfred Man; o baterista Alan White, que também tocou no All Things Must Pass de Harrison; o também baterista Jim Keltner, que tocou nas faixas “Jealous Guy” e “I don’t Want to Be a Soldier”; Jim Gordon, que tocou bateria em “It’s so Hard”; o pianista Nicky Hopkins; entre outros.

Na faixa “Imagine”, John Lennon apela pela paz mundial, um mundo melhor e de igualdades. É um hino! Se tornou o maior “hit” de Lennon, sendo tocada várias vezes quando lançada e lembrada na sua morte, em 1980. Yoko, na época da gravação do disco, sugeriu usar apenas piano: um em uma oitava e outro uma oitava acima, alegando ser “delicada demais” para usar guitarras ou algo do gênero. Idéia aprovada e aproveitada! John Lennon se responsabilizou pelos pianos da música. Como mostra o documentário “Gimme Some Truth”, Lennon gravou a faixa em seu belíssimo piano de cauda de cor branca, combinando com a cor da sua (também branca) casa. Uma das primeiras versões de Imagine, mostrada no filme, pode ser encontrada na caixa Lennon Anthology, que no disco 1, mostra alguns dos OutTakes do álbum. Até hoje essa música é lembrada. E não há quem não a conheça. Em 2001, se tornou tema de uma novela, para tristeza, ou alegria (como quiserem) de muitos Beatlemaníacos brasileiros.

“Crippled Inside”, Lennon chamou de um “Country bem caipira, uma música engraçadinha”. É a música mais “pra cima” do disco, o que apresentava um John alegre e com muito bom humor. Dizia se sentir “Aleijado por Dentro”. Mais um registro da genialidade incomparável de Lennon! “Jealous Guy”, uma belíssima balada, antes, com a letra alterada, chamava “Child of Nature”. A segunda, um demo para o Álbum Branco que não entrou no disco, só é conhecida por poucos, “lançada” em discos piratas (bootlegs). Jealous se tornou o “segundo” hit do disco, encontrada em qualquer coletânea de John, junto com a música que impulssionou o sucesso do álbum, “Imagine”. Escrita após uma briga com Yoko Ono, John Lennon pedia desculpas para, dizendo que o os ataques de ciúme eram creditado ao seu medo de perdê-la.

No Blues “It’s so Hard”, John Lennon não dispensa o uso de instrumentos clássicos, que aparecem na segunda parte da música. “I Don’t wanna be a soldier mamma” John mostra ser contrário a guerra. Em torno de seus seis minutos, John repete praticamente a mesma frase, trocando apenas uma palavra em cada uma delas. Acontece o mesmo em “Oh! Yoko”, o que não tira a magia e, muito menos, a genialidade de Lennon em ambas.

Na música “How do You Sleep”, Lennon ataca o ex-parceiro Paul McCartney. Paul, em seu álbum RAM, mandou uma espécie de “bilhetinho” para John em “Too Many People”, o que o magoou profundamente. Lennon esqueceu o “bilhetinho” e mandou uma “carta”, uma pérola chamada “Como você dorme?”. Algo mais direto, deixando de lado o mistério proposto por McCartney. A música insinua que a única coisa boa que Paul fez foi Yesterday. George Harrison mostra seus dotes com a guitarra-slide. Yoko novamente estava lá: pedia para Lennon controlar os sentimentos ao cantar essa música, pois estava com um ar de “deboche”. Além disso, deu instruções aos músicos da banda do marido, dizendo que estavam “improvisando demais”. Prontamente, Lennon atendeu: “Parem de Improvisar! Toquem com solidez”. Ao tocá-la no piano para George Harrison, John não conseguia esconder o riso, chamando-a de “a música grosseira”. Em “Oh My Love”, John divide a assinatura com sua esposa Yoko Ono. É uma das músicas que John já tinha pronta em seu acervo, já que, para o álbum “Imagine”, John compôs apenas 3 músicas no ano de 1971. As outras, John já tinha composto alguns anos antes. Assim como “Child of Nature”, “Oh My Love” também já tinha sido tocada nos ensaios dos Beatles, mas nunca lançada com a banda.

“Oh! Yoko”, a música que fecha o disco, mostra Phil Spector, o produtor de John, fazendo o Backing vocal. Se tornou uma das músicas mais demoradas para serem gravadas, o que causou a irritação de Lennon com o técnico, pois não acertava “o trecho” que queria. Já Phil, quando o técnico acertava, simplesmente não conseguia cantar a música, o que aconteceu também com John. Como sempre, Yoko estava do lado ajudando o marido a produzir a música em sua homenagem, explicando ao técnico e pedindo para John se acalmar. A Participação de Phil está creditada como “J e P duo (1968)”, o que fez com que os fãs pensassem que o P seria do ex-parceiro Paul McCartney. Enfim, o disco tem de tudo sem perder o seu estilo. Desde músicas mais bem arranjadas como Imagine, How, Oh My Love e Jealous Guy a Blues e Hard Rock, o caso de It’s so Hard e Gimme Some Truth, respectivamente.

Suas gravações começaram em maio de 1971. O álbum foi lançado no dia nove de setembro (isso nos EUA, pois os ingleses só o conheceram um mês depois), para alegria de todos nós. Um marco no século XX. Um disco para se ouvir sempre! Um disco para ficar na memória! Um disco para nunca ser esquecido.

Produção:
Phil Spector
Lançamento:
09/09/1971 (EUA) e 08/10/1971 (UK)

Músicos:
John Lennon (guitarra, violão, gaita e vocal); George Harrison (guitarra-slide, violão-slide e violão); Klaus Voorman (contrabaixo); Alan White (bateria); Jim Keltner (bateria); Jim Gordon (bateria); Mike Pinder (pandeiro); Nicky Hopkins (piano); Kings Curtis (saxfone); Joey Molland e Tom Evans (violão); John Barham (harmonio e vibrafone); Rod Linton (violão); Stevd Brendell (contrabaixo acustico); Torrie Zito (arranjos para cordas).

Faixas:
Lado 1:
01. Imagine
02. Crippled Inside
03. Jealous Guy
04. It’s So Hard
05. I Don’t Want To Be A Soldier Mama
Lado 2:
01. Give Me Some Truth
02. Oh My Love
03. How Do You Sleep?
04. How?
05. Oh Yoko!

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José Carlos Almeida

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