The Beatles

Pete Best em Vitória (ES), 08 e 09/01/2011

 
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Por José Carlos Almeida
Fotos: Cris Patricio

Embarquei para a capital do Espírito Santo com a sensação de estar indo a clássico da segunda divisão. Afinal, eu vinha de 3 shows de Paul McCartney e nada poderia (nem pode) superar aquilo. Mas qual a minha surpresa ao perceber que Pete Best estava tendo tratamento de superstar na capital capixaba! O ex-baterista dos Beatles chegou acompanhado do irmão e empresário Roag Best e do diretor do Cavern Club Ray Johnson. Ensaiou com a Clube Big Beatles e com a Banda da Polícia Militar, se hospedou num dos melhores hotéis da city, almoçou no tradicional Restaurante do Pirão, visitou os principais recantos turísticos da belíssima capital e até subiu o morro para encarar uma bateria de escola de samba (e uma linda “mulhataa”). Sempre acompanhado de motoristas, assistentes e de uma competente tradutora. Atendeu centenas de solicitações de fotos e autógrafos. Um tratamento digno de uma lenda do rock, providenciado pelo produtor Edu Henning.

Aqui cabe uma observação especial sobre esse personagem, o músico, radialista, produtor, empresário, apresentador e beatlemaníaco de carteirinha, o Edu Henning. Trata-se, sem dúvida, do maior garoto-propaganda da cidade de Vitória. Digo isso porque eu não conheço nenhum time de futebol capixaba, nem conhecia os principais pontos turísticos, nem escolas de samba, esse tipo de informação que atualmente se consegue com dois cliques. Mas lá pras quebradas dos anos 80 eu já sabia que em Vitória havia um cara, com uma banda, que espalhava a Beatlemania dali pro mundo. À frente da empresa Henning Produz, Edu mobiliza um verdadeiro exército de patrocinadores e parceiros, o que possibilita a realização de um projeto como o Sócio de Carteirinha. E não posso deixar de lembrar que há 16 anos consecutivos a sua Clube Big Beatles representa o Brasil na Beatleweek, em Liverpool.

Uma cena que eu presenciei resume a importância do cara: fomos nós dois ao aeroporto de Vitória receber o convidado vip João Barone, dos Paralamas do Sucesso, que chegou acompanhado pela esposa. Um sujeito sai da fila do checkin e começa a fotografar com sua maquininha invocada. “Deve ser fã dos Paralamas”, pensei eu. Nisso o cara solta um “Puxa! Sou fã desse cara! Já vi dois shows dele em Liverpool, o último no ano passado!” Aí eu percebi: ele, que mora em Londres há 10 anos, estava tirando fotos e era fã do… Edu Henning! Vitória é uma cidade linda, povo simpático e tem tudo para despontar como a grande capital turística da nova década. Voltei apaixonado pela cidade. E o Edu merece muito crédito por isso!

Mas voltando ao Pete Best, por volta das 22h do sábado (8 de janeiro) aconteceu o primeiro show, numa casa temática de alto nível chamada Spírito Jazz. O evento começa com uma apresentação da Clube Big Beatles, num desfile de simpatia e versões pessoais das músicas dos Beatles. O show tem como pontos altos “Live And Let Die” (com direito a susto na hora da explosão) e o grande sucesso da banda, “Eleanor Rigby”, em uma releitura excelente, que mistura Jazz e Bossa Nova, algo parecido com o trabalho de Sérgio Mendes. Megahit na Beatleweek há vários anos. O primeiro convidado da noite, João Barone, tocou 6 rocks e até cantou um (“I wanna be your man”). E chega a hora de Pete Best, anunciado entusiasticamente pelo diretor do Cavern Club, Ray Johnson (convidado do mestre de cerimônias Edu Henning). Pete sobe meio timidamente, faz uma rápida e bem humorada saudação ao público e acompanha a CBB em cerca de 10 músicas dos Beatles, todas elas dos primeiros anos.  Após o show, Pete se encaminhou para o camarim, onde distribuiu autógrafos em fotos e baquetas (vendidas pelos eu irmão Roag Best). Uma noite memorável, mas o melhor ainda estava por vir.

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Domingo de sol, palco enorme montado na Praia do Camburi – um belíssimo cartão postal de Vitória, comparável a uma Ipanema ou Copacabana (em versão compacta). O palco do show de Pete Best tem uma estrutura que lembrava uma versão igualmente compacta do palco de Paul McCartney: espaço central, dois telões idênticos nas laterais e um telão maior no fundo do palco, onde são projetados vídeos muito bem bolados, criados pelo próprio Edu, enquanto os músicos tocam. Durante todo o dia, a estrutura se destaca na paisagem. Mas foi à noite, por volta das 20h, que o pau quebrou: a praia já estava lotada de capixabas e visitantes vindos de várias cidades, atraídas pelo momento histórico (fontes da PM calcularam cerca de 25 mil espectadores). O evento já começa de forma emocionante, com a Banda da PM interpretando clássicos dos Beatles, acompanhada pela Clube Big Beatles. Em seguida é apresentada a cantora Natércia Lopes, que canta uma interessante versão operística de “Yesterday”. Muito aplaudida, a cantora se retira e dá lugar à Clube Big Beatles. A partir daí, o show se torna bem parecido com o da noite anterior, com João Barone participando de meia dúzia de músicas e cantando uma. A diferença é que, quando Pete Best é anunciado, Barone continua no palco, pois foram montadas 3 baterias! Elas, junto com a percussão tocada por Edu Henning, dão um peso e tanto!

Muito mais alegre e sorridente que na noite anterior, Pete Best discursou, se emocionou, tocou bateria e até foi erguido no ar, para o delírio da platéia. Uma noite inesquecível para todos, inclusive para ele próprio, que teve tratamento e fez uma apresentação de superstar, à altura de uma legítima lenda do rock. Afinal, ele tocou e fez parte da maior de todas as bandas. Durante muito tempo considerado um sujeito melancólico, inconformado com a má-sorte que teve na vida, “o cara mais azarado do mundo da música”, a verdade é que Pete Best é hoje um senhor milionário (só com o lançamento da série Anthology ele teria recebido cerca de 9 milhões de libras pelas músicas com sua participação – uma verdadeira megasena acumulada!), de bem com a vida e com o passado. Em Vitória pude presenciar algumas cenas de histeria, com mulheres gritando “Pete I Love You”, adolescentes tendo tremelique ao tirar uma foto do seu lado e bajulações mil – além de muitos, incontáveis autógrafos.

De volta pra casa, meditando sobre o fim de semana, chego a algumas conclusões: quem não conhece a belíssima Vitória está perdendo; vale muito a pena conhecer uma lenda da Beatlemania como Pete Best, mas verdade seja dita: eu mal ouvi o som da sua bateria, pois ele sempre esteve acompanhado de um ou dois bateristas; aos 70 anos, o Pete Best está em ótima forma, esbelto e com aparência muito saudável; a produção do evento foi de primeiro mundo e teve pelo menos uma coisa que Paul McCartney ficou nos devendo: uma boa e bem organizada entrevista coletiva para a imprensa nacional; espero que nunca faltem parceiros e patrocinadores para eventos como esse, pois além de promoverem o turismo local, também montam mais um tijolo na parede da história da cultura nacional; o produtor Edu Henning é aquele que nos faz pensar: “queria um cara desse na minha cidade”.

Com Paul McCartney e Pete Best no Brasil em um espaço de 3 meses, agora só me resta desejar mais uma coisa: QUE VENHA RINGO STARR!!!
 



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