Ringo Starr

Vibraphones – Cariocas presentes na coletânea ‘Ringo!’

Rio de Janeiro. Terra do samba, da bossa nova… Cidade maravilha, lar das praias, do carnaval…

A cidade, cartão postal do Brasil, também é berço de uma cena musical independente forte, que vai muito além dos estereótipos, e sempre prestigia o mundo com artistas inovadores, e suas obras que, muitas vezes, são impossíveis de se definir. É até clichê lembrar que ali surgiu o Circo Voador, manjedoura de algumas das memoráveis bandas de rock do país. Sem falar nos antológicos festivais do Rock in Rio, que por quatro vezes transformaram a cidade no maior cenário plurimusical do mundo. Seja nas quadras das escolas de samba, nas lonas culturais, nas casas noturnas, a música é um elemento do cotidiano e da paisagem carioca.

E a influência que os Beatles exercem na cidade, e em sua musicalidade, pode ser observada nitidamente, sem necessidade de esforço. Como esquecer o mítico recorde de público que Paul McCartney bateu em suas apresentações no Maracanã? Ou seu retorno triunfal em 2011 com lotação esgotada? A cidade é permeada de bandas cover, e muitos artistas que, mesmo não tendo uma ligação direta com o quarteto de Liverpool, são influenciados por suas músicas: programas de rádio dedicados à banda.

Isso, sem falar na Jovem Guarda, o movimento precursor de todo o rock nacional, e que teve na cidade alguns de seus mais forte momentos ao som de Renato e Seus Blue Caps, Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Jerry Adriani, entre outros, que tiveram sua arte fortemente tatuada pela beatlemania. E foi justamente na Jovem Guarda que muitos grandes tesouros da música brasileira foram esculpidos e lapidados, apresentando por várias gerações, músicas que se tornaram a trilha sonora da vida de muitas pessoas.

Nessa inesgotável fonte de riqueza musical a banda carioca Vibraphones buscou sua mais nova gravação: “Submarino Amarelo”, uma versão inédita da música “Yellow Submarine”, dos Beatles. Uma versão em português da música, com título homônimo, já havia sido lançada pela banda “Os Iguais”, no LP “Juventude”, de 1967. Não se trata de uma regravação desta faixa. A versão interpretada pelos Vibraphones, foi escrita por Albert Pavão, devidamente editada, e chegou a ser gravada por sua irmã, a cantora Meire Pavão.

O fonograma de Meire, entretanto, ficou de fora do disco, e nunca foi lançado, tendo sido perdido ao longo dos anos, ficando esta versão inédita até então. Hoje em dia os Beatles não autorizam com a mesma facilidade que naquela época versões em outros idiomas de suas canções. Mas, como esta já havia sido editada nos anos sessenta, foi mais fácil de dar prosseguimento à proposta.

Uma das principais características da banda é a total liberdade que os músicos dispõem para criar seus arranjos e explorar ao máximo todos os recursos que um estúdio pode oferecer, e isto pode ser percebido facilmente na gravação. Houve uma preocupação em manter o valor histórico da letra de Albert Pavão, que ainda tem aquela inocência presente nos temas da Jovem Guarda. E em nenhum momento isso foi questionado. O maior desafio seria criar uma roupagem musical que não infantilizasse a letra, ou trouxesse algum tom de deboche, que uma má interpretação poderia sugerir.

Para isso, a primeira opção foi usar instrumentos da época, como um piano honky tonky, um baixo Hofner, um mellotron, e um uquelele. Todo o arranjo seria construído em cima dessa indumentária, que ajudaria a criar o clima de época necessário à roupagem adequada à letra da canção. Todo o resto foi curtição e descontração. Um clima de brincadeira tomou conta das gravações, e tudo que se escuta na música traduz com fidelidade a espontaneidade desse processo, e acabou se tornando fundamental para a banda na definição de sua sonoridade, como uma identidade própria, particular, e indistinguível.

Com arranjos atuais, e bastante peculiares, a versão final de “Submarino Amarelo” integra o novo tributo brasileiro que a gravadora Discobertas está lançando: “Ringo!”  – aproveitando mais uma passagem de um Beatle por terras tupiniquins, incluindo o Rio de Janeiro, terra natal dos Vibraphones, e que ganha mais um elemento beatlemaníaco em sua história…

O disco ainda conta com artistas como Zé Ramalho, Forfun, e Aggeu Marques.

Site oficial da banda: www.vibraphones.com.br

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José Carlos Almeida

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